Manu tá crescendo. Meu sofrimento também. Parece que foi ontem, minha piveta tinha 5 anos. Hoje tá com 12, parceiro. Eu tento não pensar nas consequências naturais que o tempo traz, mas é punk. Dizem que é psicológico. Mas a real é que a minha filha tá deixando de ser uma menininha.
E tá mesmo. A maior prova disso é o humor. Ou a falta dele. O cara que inventou a palavra “aborrescência” com certeza não conheceu a minha Manoela. Mas, definitivamente deve ter pensado: vou criar essa palavra aqui porque uma menina que ainda nem nasceu vai me dar razão lá em 2021.
A empolgação em dar um simples rolezinho de carro até o supermercado deu lugar à cara de cansada quando o assunto é sair. Antigamente queria viver na rua. Hoje é assim:
– Manu, vâmo com o pai abastecer o carro?
– Sério???
Mas aí entra o milagre da barganha.
– Manu, vâmo com o pai abastecer o carro?
– Sério???
– Vâmo lá… a gente aproveita e come umas besteiras na loja de conveniência.
– Opa, tô me arrumando.
Não sou psicólogo. Sou publicitário. Mas entendo de psicologia do consumidor. E conheço bem a consumidora juvenil que eu tenho em casa. Ela tá naquela fase que só funciona na base da troca, manja?
Brincadeiras à parte, a Manu é muito madura pra idade que tem. A danadinha tem a cabeça mais no lugar do que eu. Desde que ela era pequena, a gente sempre trocou ideia como brothers. Deu certo. Ela curte conversar. E argumenta que é uma beleza. Tenho um baita orgulho disso.
Tomara que ela não perca esse poder de argumentação. Se já é ruim de dobrar minha filha agora, fico imaginando quando for mais velha.
Que assim seja. Pelo bem do meu psicológico.
Texto do ízio